domingo, 5 de fevereiro de 2012

Ah, inspiração...

Se some és vilã, se aparece, és carrasca...
Tanta coisa urgente, material e prática a ser feita... O cotidiano urge, os afazeres se acumulam, minha vida jaz misturada, espalhada pelos cantos do quarto, num desarranjo que em alguma medida reflete o estado das idéias dentro da minha cabeça.
Meu nome é confusão e me acho em meio ao caos. Não, Caos, com maiúscula, que dá a devida gravidade ao assunto. Tudo se arranja aleatoriamente à minha volta e, sinceramente, não pareço me importar muito... A parte de mim que se importa é extremamente impotente frente à outra parte que, francamente, não está nem aí. E nem aqui também.
Prefiro é me refestelar confortavelmente no sofá, frente ao computador, e abrir infinitos arquivos em branco, até que D. Inspiração se faça presente. Ela é caprichosa, e só aparece mesmo quando quer. Às vezes a caço, rifle em punho, e nada... Em outros momentos, tento pescá-la com alguma isca atraente, e ela quase aparece... Então, quando estou despreocupadamente alheia à sua possível presença, eis que surge. Assim, de supetão! Pá! E D. Inspiração aparece do nada, vem com tudo, e não está prosa. Mentira, às vezes está prosa sim, mas tem vezes também que está poesia... Até prefiro, mas poesia é um requinte que não é pra qualquer um. Recolho-me às rimas insignificantes, muitas vezes pobres e sempre sem métrica, que são as possíveis no momento. Isso explica a falta de qualidade, mas não justifica, eu sei. Mas caso possa interessar, lhe digo que são de coração.
E no atropelo que me causa D. Inspiração, ainda me pego às voltas com a nova ortografia, que o Sr. Word faz questão de me lembrar a cada ‘idéia’ que digito, a cada trema que ‘freqüentemente’ insisto em colocar. Desculpem-me o saudosismo, mas sou das antigas, e a grafia antiga me é muito mais estética. Se errado está, confesso que erro com gosto. Gosto duplo, na verdade, já que tudo aquilo que é errado, torto ou proibido é sabidamente mais prazeroso.
D. Inspiração, por favor, não me faça da sua ausência uma tortura nem de sua presença uma prisão. Não vivo de letras, infelizmente. Poesias não pagam contas, e textos que a ninguém interessam não rendem juros. Preciso do meu tempo pra cuidar das chatas e necessárias tarefas mundanas.
Bom, agora deixe-me ir que preciso estender a roupa e providenciar o jantar. Mundo Real, prepare-se, porque aí vou eu.




Nenhum comentário:

Postar um comentário