quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Aquelas flores...

Eram viçosas, vermelhas e perfumadas
De toque suave, rosas finas e delicadas

Aquelas flores

Vieram de sobressalto numa manhã inesperada
Deixando-me tão surpresa quanto encantada

Aquelas flores

Ornadas com palavras simples de grande significado
Um mundo em poucas linhas pôde ser explicado

Aquelas flores

Puseram-me em nuvens por alguns instantes
E tais instantes perduraram por dias adiante

Aquelas flores

Há muito feneceram, mas suas impressões seguem em mim
Lembrança que me é cara, e gosto que seja assim

Aquelas flores

Permitem-me justificar com alegria
O direito de sentir alguma nostalgia

Aquelas flores

Marcaram tanto pelo momento importante que vivi
Marcaram mais por serem as primeiras que recebi...


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Além do horizonte

Triste te saber tão distante que meus olhos não lhe possam alcançar
Tão longe que um toque seja impossível de se concretizar
Dizem-me que a distância é apenas física, mas eu duvido
Ao longe, no horizonte, muita coisa perde o sentido

Esquece-se facilmente daquilo que foi, passou, deixou de ser
Imagine o que será daquilo que nem chegou a acontecer
Restam-me as lembranças do mútuo desejo de se encontrar
E dos alegres passeios que não demos à beira-mar...





segunda-feira, 17 de outubro de 2011

De quando em vez


Às vezes volto atrás em meus escritos
Reviro minhas memórias de modo aflito
Incluo, excluo, recorto, floreio, edito
Vou e volto ao mesmo tempo em que fico
Tentando não deixar o dito pelo não dito
E tanto mais altero quanto mais reflito
Digo isso tudo e sei que até complico
Talvez até agrave as partes que mais explico

Ainda assim, quem se identifique em letras como as minhas
Talvez encontre a própria história ali nas entrelinhas...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Do seu lado

As coisas nunca são como gostaríamos que fosse. Fato.
São piores ou melhores, mas nunca na medida exata do nosso desejo. Encomendar nossas caras expectativas ao Acaso é nisso que dá...
Não se deixe abater pelo escárnio alheio.
Incompreensão é algo que quase sempre acontece, principalmente se você se propõe a agir de modo minimamente diferente.
Eles se dizem seus amigos, mas não sabem quem você é.
Não entendem que a dor que infligem a ti é quase insuportável.
Não se atentam que mesmo involuntariamente, o machucam.
Deixe-os ir. Esqueça-os.
Ainda assim, tenha compaixão por eles; são incapazes de entender o outro, o que os impossibilita de entenderem a si mesmos.
Ao passo que eu, bem, estou sempre ao seu lado. E quando eu não estiver, me procure em suas lembranças...
Assim passo a estar contigo, mesmo quando não estou.


Quietude

Não é a escassez de palavras que silencia minha voz...
É a certeza antecipada da incompreensão das mesmas que mantém meu silêncio.
Decerto tais palavras não encontrarão eco, visto que nunca encontraram até aqui.
Irão de encontro ao surdo muro da indiferença, reverberando novamente até mim.
Sigo obstinadamente em frente, de qualquer forma.

E não falo nada. Nunca.

domingo, 11 de setembro de 2011

Encontro

Na chuva, eu corria, sob marquises me escondia
Você andava tranquilamente sob a água que caía
De súbito, um tropeço, um esbarrão
Nos encontramos
Você me olha nos olhos e estende-me a mão
Um convite mudo e irrecusável
Impossível dizer não... então juntos caminhamos

Já não me incomodo em me molhar
Nem em qual direção seguir
Se tenho você para me acompanhar
Apenas quero ir


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Words? I don't need them

Sometimes words are unnecessary
Acts show us what we should know
Some words can hide lies
Acts can’t hide anything

domingo, 4 de setembro de 2011

Saudade de minhas meninices...


Em pequena, no saudoso balanço
Subia e descia, não caía por um triz!
Quisera , como outrora,
Assim brincar de ser feliz
Sorrir à revelia do perigo
E de mamãe ganhar um beijo
Na pontinha do nariz



terça-feira, 30 de agosto de 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nada além

Não é preciso estar aqui
Basta que exista
Não é necessário que me procure
Apenas que se lembre
Nem precisa sorrir pra mim
Apenas sorria...


Far away, so close...

Se um anjo me emprestasse
Suas asas do desejo
Pelo céu vasto eu voaria
E mesmo que o caminho errasse
O dono daquele beijo
Certamente encontraria...













quinta-feira, 11 de agosto de 2011

sábado, 6 de agosto de 2011

Quintana e minha filosofia de vida...

Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!

Eu, por Mario Quintana

O Auto-Retrato

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Nem doeu...

"A minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão".
Cecília Meireles

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Como faz?

Diálogo entre os seres imaginários e sem noção que habitam minha cabeça:

“Como é que faz quando você esbarra numa bela melodia
E ainda não escreveu nada que possa se relacionar a ela?”

“Põe só a música, ué...”


Simples assim...

Sorriso

Uma palavra sua e ele aparece
Largo, de uma orelha à outra
Ás vezes, calmo sorriso de contemplação
Outras vezes, traz consigo boas gargalhadas
Estabanadas e sem jeito, barulhentas feito eu

Um gracejo e me desmancho...

A vida é tão mais doce
Quando nos rimos dela
E de nós mesmos...


Porque escrevo

Escrevo para que as idéias em minha mente possam respirar
Para correr o risco de que, talvez, algum eco possam encontrar
Escrevo para não enlouquecer, pra não me martirizar
Para convencer a mim mesma de coisas das quais falo sem acreditar

O saber e o entendimento das coisas estão em minhas mãos
Entendo e sei tudo, entretanto isso não alivia a dor que sinto
Explicar a dor não a aplaca, nem a dissolve ou a extirpa de mim

Há algum sentido em tudo isso?

Talvez seja apenas o império do acaso
Que nos joga de um a outro lado pela vida
De encontro a pessoas, situações e vazios

De tantos acontecimentos que me sobrevém
Alguns trazem momentos únicos, pessoas especiais
E afetos legítimos, que mesmo poucos, fazem esse circo valer à pena.

Silêncio

Meu fiel escudeiro
Guardião que não me trai
Não me transbordo de mim
Silencio por inteiro
Minha voz se retrai
E até posso passar assim...

Mas por dentro o receio me atormenta
Não me mata, mas me castiga e tenta
Tal é a luta que minha alma enfrenta


Será que o coração aguenta?


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Inspirações 'Leminskianas'

Vim, vi, escrevi
Escrevia o que via
Não o que havia
(Eu mal sabia)
Na poesia

Me perdi...

Música

É tão linda, leve, suave feito pluma
Esvai-se, transcende, perde-se na bruma

Preenche-me essa sonora onda de beleza
Aquece-me a alma, aparta-me da tristeza

Ouço a melodia e então de mim ela faz parte
Indolente, aqui adormeço, acordo em Marte...

Não importa quão pouco dure, enfim
Mesmo após seu término, permanece em mim

terça-feira, 5 de julho de 2011

O roubo

... e então, na hora de falar, roubaram minha voz
Tentava me expressar, mas roubaram meus sentimentos
Tentava pôr as idéias no lugar, mas me roubaram a percepção
De mãos vazias e coração atordoado, fui rendida

Sobreveio-me a total impotência, num grau jamais percebido
Apossaram-se de tudo, e eu inerte, nada pude fazer
Roubaram-me da alma a dignidade que eu ainda tinha

Senti-me pequena, frágil, imprestável
Senti-me inútil, um peso para o mundo
Senti-me indefesa e desprotegida
Nada entre mim e esse mundo bandido
Nada que impedisse o inevitável

Nada em que me amparar
Nada pra me resguardar
Nada pra me ajudar
Nada pra consertar

Só o tempo ...

Só o tempo pra transformar o infortúnio de hoje
Na indesejável lembrança que me perseguirá amanhã

sexta-feira, 1 de julho de 2011

E agora?

O que não quer ser sabido é algo intrigante
Serpenteia pela mente, aflige o coração
Não quer ser sabido, mas se faz presente

E nós agonizamos, apenas por querer saber...

Nunca antes de curiosidade padeci
Agora, febril, em seu leito me perco



sexta-feira, 24 de junho de 2011

Transitoriedade

Quanto tempo...
Tempo que passa
Como passa!

Deixa marcas
Lembranças

Tempo pára
Alguns momentos
Instantes simples
Toques suaves
De dias comuns
São gravados na memória
Congelados na retina
E volta e meia
Retornam à vista...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Origami

Eu não sou isso, e tampouco sou aquilo... Antes, sou o reverso do avesso daquilo que vês, disposto em camadas finas e delicadas, interpostas entre si; de uma dureza insuspeita e elegantemente velada, camuflada por uma frouxa e aparente satisfação que lhe deixo perceber e, na verdade, esconde entre dobras invisíveis a melancolia doce e pungente na qual me anelo. Uma melancolia bonita, poética, fora de época... Perigosa, dolorida e tão fatal quanto inútil.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Palavras, apenas...



E novamente em meio às palavras me perco
Muitas e extensas, de todos os tipos e cores
Entre elas acho-me, também, e fecha-se o cerco
Enredam-me por entre espasmos e algumas dores
Aos milhares e aos montes, eu as jogo ao vento
Sem dó nem piedade, evitar nem tento...

Ouvidos “en passant” são pegos de surpresa
Talvez desejassem um enredo mais sucinto
Caíram os papéis, jazem espalhados sob a mesa
Então a síntese esquiva-se, eu quase a sinto
Mas ela se esvai pelo vão do bom senso literário
Simplesmente ao meu bel-prazer (não minto)
Em sentir-me um tanto quanto reacionário...

Sinto muito dizer, mas preciso lhe informar
Não pretendo explicar o porquê nisso me fixo
É sem nenhuma razão aparente que o faço
Pro bem ou pro mal, saiba de uma vez: sou prolixo!

Mas... são apenas palavras.

Lide com isso.



sábado, 23 de abril de 2011

Nem Freud explica...

É fetiche masoquista o maior dos altruístas
encantar–se pelo pior dos egoístas?

Talvez seja a alucinação, que à razão despista...

Ou será mera questão de ponto de vista?

Reflexão


Dias se vão que não me vejo
o espelho não reflete meu retrato
surge dali um espectro
que me revela um ser abstrato

Por momentos, permaneço sem rosto
isso me poupa a dor e o peso
de ver as marcas nele impressas
por indiferença ou desprezo
desse Tempo que insiste em passar
por e através de mim
conquanto eu menos me aperceba dele...

Aos poucos o cinzel do tempo
esculpe em mim um outro eu
lentamente, dia-a-dia,
E esse novo rosto aos poucos
deixa de se parecer comigo
e me mostra uma nova pessoa

Um novo velho rosto
Para um velho novo coração

segunda-feira, 21 de março de 2011

Peleja constante

Parei

Desisti

Cansei de brigar com a alvura da folha de papel
As linhas do caderno, desertas, desafiam-me constantemente...
Encaram com desprezo o vale infértil de minha inspiração
Enquanto digladio-me com idéias que me perseguem,
Mas recusam-se a se transformar em palavras

Elas, por si, nada querem expressar ou comunicar
Não querem sair, ser vistas por ninguém nem dizer nada
Simplesmente, quem se importa?

Eu me importo!

Quero que saiam da minha cabeça e me dêem sossego...
Para isso, nem me incomoda que os versos não produzam harmoniosas rimas

Só preciso que desistam de mim
Que parem de me atormentar a razão
Que me devolvam a paz da aprazível ausência de perturbação
A serenidade que existe em não querer extrair sempre o indizível de cada coisa

Porque o indizível, por definição, é algo que não se diz...

Ausente


Tenho saudade

Das viagens que não fiz
Dos vôos que não realizei
Das terras em que não caminhei
E das pessoas que não conheci

Sinto falta das praças
Por onde ainda não passei
Das pontes que não cruzei
Dos mares que não atravessei
Dos lugares de onde não parti

Campos nos quais ainda não me perdi
Cachoeiras nas quais não me molhei
Praias por onde ainda não corri
E pores de sol que ainda não vislumbrei

Urgem-me
Chamam-me
Espreitam-me os sonhos...

Cobram-me a presença, tardia,
Mas ainda aguardada
Pois de que adianta uma bela vista,
Se em retinas humanas não for gravada?