quinta-feira, 12 de junho de 2014

O amor está no ar...

Declarações de amor jogadas pela janela virtual
Declamadas aos quatro ventos pela rede social
O galanteio furtivo, algumas vezes até anônimo,
Já não existe e até parece demasiado incômodo

Não há mais romance como antigamente...
E eu ainda sou tão como antigamente!
Agora de nossos apreços devemos dar satisfação
Noticiar o que seria ‘particular’ pra toda uma multidão

E no ranking de enlaces todos competimos
Independentemente se felizes estamos ou mentimos
Importante é divulgar toda essa felicidade
E matar de inveja cerca de metade da cidade

Quem dirá que não vale à pena?  Talvez até valha
Cada um sabe bem o que da vida melhor lhe calha
Quem sou eu pra condenar as novas expressões de amor
Elas apenas não me descem sem algum torpor

Bom mesmo é o ‘eu te amo’ sussurrado no ouvido
Junto de um abraço apertado e deveras comovido
No silêncio de nosso quarto, sem barulho ou alarido...


domingo, 8 de junho de 2014

Planos


                                                        "Understand what I've become... It wasn't my design"


Quando pensava o futuro não era esta figura que almejava
Mirava um tempo distante e uma imagem diversa enxergava

Delineava conquistas enquadradas em planos de sonho...
Hoje me movo de arrasto em meio a um cotidiano enfadonho
Do que havia traçado não alcancei nem um rascunho medonho
E a cada horizonte o sol nasce um pouco mais tristonho

Estar tão longe da ideia original é uma contingência imprevista
Quando mais me debato, mais me encarcero nessa teia sinistra
Quero crer que haja jeito e que essa dor será, um dia, finita
E que a aurora que resplandece na janela voltará a ser bonita