sábado, 25 de julho de 2015

Renúncia supérflua

Enclausurada, persisto muda e isolada
Os limites do meu corpo como grades
Encerram minha mente transtornada

Me debato e luto, grito quanto posso
Mas meu clamor surdo nem eu mesma escuto
Tão longe da cabeça o atormentado coração
Tão oprimido no peito enquanto apanha

Há ao meu lado uma chave e não consigo alcançar
A vontade frouxa é incompetente em acionar a mão
Que se mova, que estremeça, que se rasgue
Vontade nenhuma de nada ou coisa alguma possível

Chaves e portas de nada adiantam
Esse horizonte gasto não me serve
Minha rebeldia estúpida me sabota
Rodar em círculos o meu vagar concerne

Em minha diabólica auto-inquisição ardo
Queimo imóvel em lágrimas flamejantes
Sacrifício inútil dos meus dias debaixo do sol

Doce cárcere de espinhos afiados
Envolve-me qual manto sagrado
Ricamente bordado de sangue
De dores pungentes arrematado


Nenhum comentário:

Postar um comentário