quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sempre Assim


Sempre um desejo insatisfeito
Sempre um castelo desfeito
Sempre um problema sem jeito
Sempre um sonho com defeito

Sempre almejo o que não posso ter
Sempre me querem como não consigo ser
Sempre um gesto que não consigo fazer
Sempre alguém que já tem alguém pra querer

Sempre procuro o que me parece impossível
Sempre minha ilusão perece impassível
Sempre tento alcançar o que me é inatingível
Sempre e sempre insisto, reincidente imbatível!

Sempre me envergonho e começo a corar
Sempre desperdiço chances que custei a conquistar
Sempre na busca me emociono e começo a chorar
Sempre suponho ter encontrado o que vivo a procurar

Sempre um quase me impede de chegar ao fim
Sempre um obstáculo lhe afasta de mim
Sempre me resta a esperança desse ciclo acabar, enfim...

Mas

Sempre comigo acontece assim...
(13/12/2001)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ninho

É meu lugar, onde me escondo
Me recomponho, me decomponho
De onde saio de encontro ao “grande dia”, escondido em cada dia, todos os dias.

Onde me deito, onde não descanso
Onde me reclino sem me aquietar
Porque amo, e o amor, assim como quem ama, tem muitas obrigações...

Tem-se que cuidar do amor, aninhá-lo no peito, mimá-lo.
Tem-se que fazer nada juntos, e é o melhor a se fazer.
Tem-se que cuidar que o amor se cuide, porque ele é muito desligado...
Se desliga de tudo, me desliga do mundo, mas preciso de um mundo que não seja só amor você e eu, para viver.

Amanhã pode não mais haver amor, ou você, ou eu... mas o mundo, este sempre haverá.

sábado, 4 de abril de 2009

Noite


Pelas ruas da cidade, sigo só.

Esgueirando-me entre os muros de concreto, meus passos rápidos passam despercebidos do grande público. A selva de pedra, à luz do dia cinza e melancólica, à noite ganha ares de nobreza. O negro da noite realça alguma beleza que resiste à dureza do cimento e ao peso dos corações solitários.

É piu bella!!!

Porque amamos tanto, aquilo que aos poucos nos exaure as forças?
Deslumbramo-nos com a visão agradável que precede a queda, abraçamos os espinhos, mesmo sendo incerto o encontro com a rosa, acreditamos na soberba da luz noturna... e amanhecemos novamente entregues a uma manhã cinzenta e dura.

Ainda assim, amamos! E esse amor totalmente desmedido nos leva a encarar o dia todo, para o vislumbre da noite que sempre vem.