domingo, 26 de julho de 2015

Aurora

Vacilante, de meus sonhos desço
Raia o dia e com ele amanheço
Vejo um sol que desconheço
Os meus instintos obedeço

Fecho os olhos e anoiteço





sábado, 25 de julho de 2015

Renúncia supérflua

Enclausurada, persisto muda e isolada
Os limites do meu corpo como grades
Encerram minha mente transtornada

Me debato e luto, grito quanto posso
Mas meu clamor surdo nem eu mesma escuto
Tão longe da cabeça o atormentado coração
Tão oprimido no peito enquanto apanha

Há ao meu lado uma chave e não consigo alcançar
A vontade frouxa é incompetente em acionar a mão
Que se mova, que estremeça, que se rasgue
Vontade nenhuma de nada ou coisa alguma possível

Chaves e portas de nada adiantam
Esse horizonte gasto não me serve
Minha rebeldia estúpida me sabota
Rodar em círculos o meu vagar concerne

Em minha diabólica auto-inquisição ardo
Queimo imóvel em lágrimas flamejantes
Sacrifício inútil dos meus dias debaixo do sol

Doce cárcere de espinhos afiados
Envolve-me qual manto sagrado
Ricamente bordado de sangue
De dores pungentes arrematado


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Não me olhe nos olhos

Mar profundo de tribulações internas
Quem me vê em silêncio não pode imaginar
O quanto grito e me rasgo por dentro...
Na superfície: nada a me incriminar

Fujo de mim mesmo sem sair do lugar
D. Realidade, ela teima em me agarrar
Com auxílio da jornada ainda a completar
Movida pelas diversas contas a pagar

O semblante calmo esconde uma alma em tormenta
O caos em mim reverbera, se retorce intempestivo
Me atravessa suave e me orvalha a pele
Escorre pela ponta dos dedos
Marca o papel em forma de palavra

Tudo o que sou
Tudo o que de mim não sei
Poemas sem sentido, consentidos
Que ainda escreverei...