domingo, 5 de agosto de 2012

Alegria


Seu sorriso leve permeia meu dia com sua graça
As aflições dissipam-se junto ao vento que passa
Sutilmente sequer resta uma preocupação esparsa
Tal é meu contentamento, que meu semblante mal disfarça...




segunda-feira, 23 de julho de 2012

Tatuagem



Difícil permanecer incólume à sua passagem
Sua presença atingiu-me, a ferro e fogo...
Deixou impressa em mim sua marca
Um selo que, mesmo escondido sob a pele,
É incomodamente visível aos meus olhos

Enxergo ali as mesmas cores que vejo quando,
De olhos fechados, apenas sinto seu toque
E não me importam mais formas ou nuances
Apenas perceber-te ali, ao meu alcance

Pouco interessa que passou
Que apenas passaste por mim
A tatuagem invisível permanece
Ainda mais marcante, suponho...
Recorda-me aquilo que agora parece
Ter sido apenas um tresloucado sonho


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Armadilha do tempo



A cada minuto temos uma nova chance.
De começar, retomar, terminar, realizar.
Algo, alguma coisa, situação ou alguém.
Se cada minuto me dá uma nova oportunidade,

Porque será que sigo inerte, sem ação?
O que me impede?
O que, raios, me segura?

Tic-tac faz meu carrasco pendurado na parede
A invisível foice do Tempo me espreita a jugular, diariamente
Até um dia ter a chance de cumprir seu objetivo, factualmente
(Só espero não me atentar à tudo isso muito tardiamente...)




sexta-feira, 29 de junho de 2012

Impermanência


... e essa aflição é de uma urgência que me corrói
Ao passo que me acalento e calma construo
Ressurge o desejo por você e me destrói
Em lágrimas vãs insistentemente me diluo
(E como são profundas as dores que me doem)

A chuva escorre, indiferentemente, pela vidraça
E é como se estivesse a chorar junto comigo
Lamentando essa história dolorida e sem graça
Que ardilosamente me persegue feito castigo
Tento, mas não consigo, encontrar o que desfaça
De minha pobre alma o seu malogrado abrigo

De comiserar a qualquer um que tenha coração
Minhas penas inspiram a mais profunda compaixão
Dou as costas à chuva insistente que lá fora cai
Enxugo o rosto, respiro fundo, sem mais um ‘ai’.

Tic tac

Ao som do relógio passam-se minutos a esmo...
Aqui permaneço, inerte, entregue a mim mesmo.



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Minhas guerras




O mal inesperado, insuspeito, chega repentinamente
Feito um tapa na cara, me impacta e atordoa
Por um momento, em meio à guerra, perco o chão...
Mas é só por um rápido instante, que perder não é de minha índole
E ajoelhar-me frente ao insucesso nunca é uma opção

Ergo a cabeça e faço frente ao meu algoz
Resoluta e insolentemente determinada!
Sim, internamente uma lágrima escorre...
(Que os inimigos não precisam saber de minhas dores)
Antes devem temer o gélido fio de minha espada
E minha reputação de aniquiladora das almas infiéis

Desprezo os fracos e os elimino a todos,
Um a um, de meu cruel e pujante exército
A eles relego o meu mais profundo desprezo
De forma alguma merecem pertencer ao meu séquito

Após as agruras da batalha, finalmente se encerra o dia
Nossos corpos cobertos de cansaço e sangue inimigo
Anseiam pelo justo repouso, que as forças já escasseiam
E em meios a corpos sem vida seguimos para casa
Feito o que devia ser feito, apenas desejamos voltar
E mesmo nessa hora, a cada passo, sigo conjecturando
Quantos ainda tramam às minhas costas apunhalar...



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Tão evidente e simultaneamente tão inusitada é a vida...


"Precisamos nos lembrar que todas essas coisas (as nuances, as anomalias, as sutilezas às quais presumimos que são apenas acessórios dos nossos dias..) estão aqui, de fato, por uma causa muito mais nobre: estão aqui para salvar nossas vidas."

E, sim, posso sentir que, ao final, vai ficar tudo bem!



domingo, 6 de maio de 2012

Ela


Ela esconde de si mesma
Suas verdades
E, à sua maneira,
Mantém seguro seu mundo

Não se confessa os próprios desejos,
Anseios ou medos
Pois sua crença neles
Os tornaria reais
E em sua vida não cabem
Tais elementos fugazes...

Ela usa uma máscara
Que a veste até durante o sono
Tal o receio de ser descoberta
Em si, em sua identidade...

Desconhecendo-se
Esquiva-se da inconveniente
Transparência que lhe é peculiar
E que revelaria a todos
Sua natureza delicada
Tantas vezes tomada por fragilidade

Ela se esconde dentro de si mesma
Para sustentar a pesada armadura
Que a protege das armadilhas
Escondidas na banalidade habitual e diária
Das quais ela precisa se esquivar
Porque ser forte é a única alternativa válida
E a derrota nunca será uma opção aceitável

Assim, ela segue, só, ao longo de sua jornada...
Escrevendo sua história entremeada de acasos,
Reformulando os planos, firmando o passo 
E admirando a paisagem ao longo do horizonte.