terça-feira, 5 de novembro de 2013

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A ferro e fogo

É fácil te querer apenas por que existe
Querência que arde numa indelével chama
Que não machuca, mas a perturbar insiste
Vontade que abrasa a alma de quem te ama

De ti que roubo esse calor ameno
Por ti o riso solto, sem nenhum motivo
Enquanto sob seu semblante sereno
Disfarças seu desejo com um olhar furtivo

Chama contra chama, sejamos consumidos...

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Sonhando-nos...


Sonho com dias de verão
                         manhãs doces de sol à pino

Cabelos voando ao vento
                         seguindo corpos em desatino

Faces estampadas de sorrisos
                        risos ruidosos e cristalinos

Loucos perseguindo sonhos
                       seguimos, sem rumo ou destino




quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Motivo, razão ou circunstância...



Tantas regras e explicações
- Justifique-se! - pedem a todo o momento
Exigem verbalmente (ou mesmo em silêncio...)
Olhares inquisidores meu passos acompanham
Cintilam tão ferinos que a pele me arranham

Minha existência se transforma em tormento
Torno-me incômoda de tanto que lamento
Mesmo sem fé, uma prece atiro ao vento:
'Gostaria de existir sem tanto sofrimento'

Como escasseiam opções, sem muita pressa me levanto
Bato a poeira do joelho e limpo do meu rosto o pranto
Devo encontrar minha coragem perdida aí, em algum canto
O sol irrompe pela janela e mantém ainda seu encanto...

domingo, 4 de agosto de 2013

Dolorosa espera

Se apenas me resta aguardar
Suas lembranças esparsas guardo
Das descrenças me resguardo
E lhe aguardo

Não te importas se por dentro ardo?
Seu desprezo é em meu peito um dardo
De espessos e afiados espinhos bordado
Quisera eu nunca tivesse lhe achado...

terça-feira, 9 de julho de 2013

Repartidos

Pudera fora dos sonhos te encontrar
Sussurrar-lhe juras ao pé do ouvido
Entre beijos e abraços lhe aprisionar
E te manter atado, sempre comigo

Alcançar seu rosto com as mãos
Colocar as vistas em seu sorriso
Sentir-lhe o pulsar do coração
Nada além disso é o que preciso

Matar a saudade que chega a sufocar
Sustentada pela distância que nos tira o abrigo
Espaço que, por ora, teima em nos afastar
E que hoje encarna meu pior inimigo

E se faz o encontro, outrora tão esperado!
Dormir com o peito em festa em sua companhia
E, renovada, acordar com você ao lado...
Nosso merecido prêmio pela forçada nostalgia

A que somos obrigados por vivermos apartados.


domingo, 7 de julho de 2013

Caça aos demônios



E caminhar ao léu, demente, ao desvario,
Até onde isso poderia me levar?
Fazer do descaminho minha jornada
De erros e enganos pontuar meu mapa
Do beco sem saída fazer meu ponto de partida
Seguir não só errando, mas encarnar a falha em si
Não ‘estar errado’ mas personificar a incorreção
Colecionar desenganos e disseminar perturbação
Precipitar ao mundo minhas angústias em profusão
Sem poupar um só algoz, sem nenhum favorecimento
(Que de proteção nenhum deles faz merecimento)
Escancarar as dores e todos os seus autores
Dilacerar as feridas e também seus causadores
Presenciar, de seu desespero, os estertores
Imprimir-lhes na carne um sem-número de horrores

E se eu causasse tantas dores quantas eu senti?

E se sorrateiramente manipulasse seus passos
E, dissimuladamente, cultivasse seu tropeço
Sua queda triste e desonrosa me aliviaria?
Apagaria memórias das quais não esqueço?
Talvez eu teste alguém, um só, apenas de começo...
E veremos de que forma aumenta meu apreço
Sádico de ver pagarem, não na mesma moeda,
Mas em artigo de muito mais alto valor
Com plena fúria eviscerar-lhe os medos
E imprimir em suas faces a sombra do terror
Assim talvez aniquile de vez tais lembranças
Embalada em meus doces sonhos de vingança...



quinta-feira, 30 de maio de 2013

Wish list...

Quero declarações e algum romance
o mundo todo no espaço de um instante
uma surpresa escondida em cada nuance

Quero também algumas flores e poesias
dessas e de outras tantas cercanias,
vales, campos, encostas ou pradarias

Quero apoio firme e reconfortante
para os dias de calma distante
e insuspeitas aflições palpitantes

Quero ajuda para escapar por um triz,
para encontrar aquele origami que fiz
e estava o tempo todo debaixo do nariz

Quero rir de chorar e até doer a barriga
disputar um lugar no sofá, mas sem briga
desavença que não afasta, apenas instiga...

Quero companhia para aquele chá das cinco
alguém que entenda e goste de como brinco
e que persiga minha alegria com afinco

Quero alguém que pare no tempo comigo
alguém pra ser leitor, amante, amigo
que não viva ao redor do próprio umbigo

Quero você que me lê e agora se espanta
com a audácia desse recado que se agiganta





segunda-feira, 13 de maio de 2013

Decadência


Passatempo enfadonho
Tateio-lhe em sonhos
Mas, etéreo que és,
Esvoaça-te pelo ar...

Essa ausência ferina
Carrega a aura assassina
Que ainda me há de matar

Caso de meus sonhos desça
Logo antes que amanheça
não te esqueças:

Tens ainda tempo de meu corpo inerte velar



domingo, 28 de abril de 2013

Em fuga


Corro. Em desespero, fujo, abro espaço entre mim e o ocaso
(Só o terror não é escasso...)

À beira do abismo, de súbito, paro. Paro, frente ao penhasco.
Nada me prende aqui, nada me importa mais. A me empurrar: o asco.
Apenas sigo em frente e dou o próximo passo.

Nem padeço enquanto caio,
meu corpo quente corta o vento
Feito aço.





quarta-feira, 20 de março de 2013

Plus


Melhor que seu sorriso
Apenas seu abraço
É só o que preciso
A me guiar os passos

Envolta em seus braços me derreto
Apoiada em seu colo me desfaço
Entre sussurros, breve retorno lhe prometo
Não irá a ausência ocupar nosso espaço...

É chegada a hora da partida
Lhe sorrio. Você me sorri de volta.
Abraçada por seu riso em despedida
Respiro fundo. Atravesso a porta.



quarta-feira, 13 de março de 2013

Minha lei


“Que o teu afeto me afetou é fato...”
 O Teatro Mágico




Decreto agora, mesmo contra tua vontade,
À revelia dessa sua ausência insolente e
Com anuência rebelde de minha petulância:
Sigo lhe querendo... Ainda que unilateralmente

Assim, distante, de onde não lhe alcanço
Com meu toque e mal lhe persigo (e sigo)
Com meus pensamentos e delírios
Sorvo a delícia de abraçar-me ao martírio

Dessa solidão tão cheia de ti...




domingo, 17 de fevereiro de 2013

Stela Marina



Permanecia em seu porto seguro
Ali estava atracada havia anos
A vida conhecida, sem apuros,
Tudo conforme seus planos

Não havia planejado, contudo,
A angústia dessa vida de certezas
Tudo muito encaixado com tudo
Sem nenhum espaço para surpresas

Certa vez  uma tempestade não detectada pelo radar
Veio em turbilhão e pôs seu barco a balançar
E ele tanto foi sacudido, até parar em alto-mar

Stela tentava, em vão, sua rota controlar
Mas agora a tempestade que comandava em seu lugar
E acabou levando o barco por paragens que Stela jamais sonhara visitar

Em pouco tempo, seguiu-se a calmaria
Até um arco-íris ao longe reluzia
Stela então percebeu uma vida toda que não conhecia...

Passado o susto inicial, não desejava mais voltar
Na possibilidade de um caminho novo decidiu apostar
Ganhando ou perdendo, sabia, havia mais a vislumbrar...




sábado, 16 de fevereiro de 2013

Colóquio


Em meio a palavras supérfluas e desnecessárias
Nosso silêncio foi sendo quebrado de formas várias
Isso trouxe alguma movimentação à nossa superfície
Mas não à nossa essência; ao menos nada que se visse...

E nosso diálogo, sem ruído, era tão mais divertido sem som!
Talvez porque apenas vibrassem os olhos – e no mesmo tom.


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Em boa companhia...




O rosto entre as mãos, os olhos em lágrimas
Deixei-me ali, chorosa, entregue aos meus queixumes
Até que me chamou a atenção um brilho súbito e...
Surpreendeu-me uma revoada de vaga-lumes!

Estranho, rente ao chão, mas sobre o gramado
Brilhavam suas luzes cor verde-esperança
Revoavam em estranha, mas graciosa, dança
Enquanto ao fundo grilos ‘cricrilavam’
A fazer pouco de minhas doloridas misérias
(Audácia! Saberiam eles o quanto são sérias?)

Até um louva-a-deus se aproximou para seu bom presságio me trazer
Vi-me em ótima companhia, tinha luz, sorte e sinfonia
A natureza me trazendo um afago em forma de alegria
Atônita, surpresa, encantada... Eu agora sorria.


sábado, 26 de janeiro de 2013

(Des) Conectados


Que saudades de falar contigo, meu amigo
Contar-lhe ao vivo, ao ouvido, tudo que vivo
Cansada dessa conexão constante e vazia
Nossa troca on-line de eu-notícias

Tão corrida, sintética, urgente,
Vital, alentadora e necessária...

Muito melhor que nada, mas, ainda assim,
Reiterando a impossibilidade do aperto de mão...
Do abraço apertado, do cafuné no seu colo,
Da minha cabeça aconchegada ao seu ombro,
Da sensação quase física de ser compreendida
Ou de, mesmo incompreendida, estar protegida...

De poder dividir conquistas, derrotas e filosofias vãs
De rir, encabulada, até corar, do rosto, as maçãs
E nada precisar explicar, pois que não necessita,
Posto que conheces toda a incoerência que em minha cabeça habita...


domingo, 20 de janeiro de 2013

Brevidade

"Que não seja imortal, posto que é chama..."
Vinícius de Moraes


Como o arco-íris que surge fagueiro
E se desfaz ainda mais ligeiro
Fomos, lentamente, nos esvaindo
Sumindo da existência um do outro
Aos poucos, sutil e delicadamente, apagados

Éramos dois: pretérito imperfeito de fogo que arde
E se apaga... Mais cedo ou mais tarde...





sábado, 12 de janeiro de 2013

Desencontro Cósmico



Em sua ausência fez-se noite ao meu redor
Somente a escuridão a me fazer companhia
Hoje meu desalento só não é maior
Pois disseste (lembro-me) que ainda voltaria...

Se é impossível sua presença solar
Quente, afogueada e constante
Dê-me ao menos suas aparições estelares
Tão fugazes... Mas, te digo, já é o bastante

Quando partires qual cometa
Em sua trajetória alucinante
Estarei em meu quarto, eclipsada
Envolta em nossa matéria brilhante


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Pode?


...e era tanto, tanto, tanto...
que um dia, simplesmente, cansou de ser
evaporou-se de si mesmo
sumiu, de rompante, como veio

sem motivo e nem pra quê...